6 de outubro de 2015

Que tal começar a escola com um pé partido?

Novo ano letivo, nova correria.
Miúdos a adaptarem-se às rotinas após três longos meses de férias.
Mal se ambientaram, começaram os acidentes que alteraram as rotinas!

Crianças são sempre crianças e nunca sabemos a novidade que nos trás cada dia.
Filho do meio leva com um skate no tornozelo.
Chora na escola, põem-lhe gelo (não há melhor remédio para a maioria das mazelas!), sai da escola e o pai leva-o ao Conservatório para as aulas de violino.

Chega a casa a coxear. Já depois do jantar peço para ver o tornozelo. Ai! Olhar de mãe identifica sinais de alerta. Não está muito inchado, mas tem uma pequena nódoa negra em cima de um alto. Pesquiso os movimentos do tornozelo. Consegue fazer todos menos um. Não consegue fazer o movimento de flexão e extensão do pé. Fico realmente preocupada. Não sendo uma menina sossegada, já fiz mais de meia dúzia de entorses, todos da tibiotársica. Conheço bem os sintomas.

Vamos ao hospital, anuncio. Que não é preciso, que está pouco inchado contrapõe o pai. Nestas coisas ganha sempre a mãe, claro está. Também sou sempre eu a selecionada para ir ao hospital e o pai para ficar com os outros dois em casa.
- Vou levá-lo ao hospital.
Lá vamos nós. Chego, faço a inscrição enquanto ele fica no carro. Vou busca-lo e levo-o ao colo. Somos imediatamente chamados para triagem. O médico chama-os muito rápido.

- Tem de fazer um raio-X e depois ir para a ortopedia. Devem já estar fartos de nós. Hoje já lhes mandámos mais de 20 crianças. Não sei o que se passa.
- Deve ter sido por a escola ter começado esta semana. Os miúdos estão todos excitados.
- Sabe ir até ao raio-X?
- Sim, doutora, já tenho muita experiência.

Peço uma cadeira de rodas, apesar de ser uma mãe que pega diariamente os seus filhos ao colo (adoro!), um miúdo de oito anos já pesa horrores.

Lá vamos nós a rodar pelos longos corredores do hospital. Deixamos a pediatria e dirigimo-nos ao raio-X. As crianças são mesmo bem tratadas neste hospital. Explicam-lhes tudo. Mostram-lhes tudo. Parece que estão numa visita de estudo ao hospital.

Saímos do raio-X e vamos à receção de adultos pedir a transferência da ocorrência da pediatria. Chegamos à sala de espera. Só crianças em cadeiras de roda eram três.

Foi rápida a chamada da ortopedia. O médico também super simpático toca-lhe em todos os ossos e tendões do tornozelo para identificar o único onde tem dor. Muita dor.

Mostra-nos o raio-X digital no seu computador.
- Está a ver? Aqui. Fez entorse da tibiotársica e ainda partiu um pouco o osso.

Infelizmente o meu receio confirmou-se. Era o que eu tinha imaginado, sem a parte do osso partido.
Em vez de gesso, imobiliza o tornozelo com uma ligadura feita de esponja que aperta bem. Logo se segue o veredito:
- Duas semanas sem por o pé no chão, na terceira semana já pode por o pé no chão mas ainda com muletas.

Aqui ele desata num pranto.
- Logo agora que ia começar o meu desporto favorito!
E chora. Chora. Voltamos à pediatria para devolver a cadeira de rodas.
Continua a chorar, agora convulsivamente. A enfermeira muito atenciosa conversa com ele. Explico que tem asma e que pode iniciar uma crise. A enfermeira muito paciente consegue acalmá-lo.

Temos mesmo excelentes profissionais de saúde nos hospitais públicos! Tanto médicos, como enfermeiros, como técnicos de radiologia. São profissionais com competências técnicas e humanas para lidar com as crianças que sofreram um trauma, estão com dores e fragilizadas. Estou muito grata a todos eles.

Este é o acontecimento que me tem transtornado os últimos dias e afastado um bocadinho do blog. O rapaz não se adapta a andar de canadianas e em casa anda ao meu colo de um lado para o outro.

Mais um episódio na vida de uma mãe de três.






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