30 de julho de 2014
Idosos devem ficar em suas casas
As pessoas mais velhas devem poder ficar o máximo de tempo possível na sua residência habitual, recomenda o Conselho de Ética para as Ciências da Vida num parecer.
Fico satisfeita por este assunto chegar à esfera pública, por suscitar discussão social. O envelhecimento da população efecta o país e as famílias. Quem não tem pais ou avós velhinhos?
Eu, felizmente, tenho uma avó, bisavó dos meus filhos. Está saudável, não tem colesterol, nem diabetes, nem tensão alta, apenas uma limitação. Perdeu a visão dos dois olhos. Não quis ir para casa da filha, minha mãe, nem para um lar. Escolheu ficar sozinha em sua casa. Muitos ficam chocados por ela estar sozinha. Mas ela prefere estar sozinha na casa dela, com as suas coisas, com os cantos que conhece, com os objectos que conhece há uma vida, do que em local estranho. Eu compreendo. Quem não vê, guia-se pelo tacto mas também pelas memórias. Sei que a minha avó, apesar de não ver, quando entra na sua cozinha, à tarde e sente o sol nos seus braços, consegue visualizar a cozinha soalheira com o sol a entrar a jorro pela janela virada a poente.
No seu quarto, sei que quando toca na sua colcha acetinada, consegue ver as suas belas cores. Vê na memória, mas ainda assim vê. Consegue ver em diferido. Vê hoje as imagens que viu no passado e que guardou na memória. E a sua memória continua perfeita. Tal como a sua mãe, minha bisavó esteve até ao fim, está completamente lúcida, sabe quando são os aniversários de todos na família. Não se esquece de nada.
Eu gostava muito de ter a minha avó comigo. Sei que ela adorava estar ao pé dos bisnetos que a adoram. Têm imensa paciência uns para os outros. Os miúdos conversam com ela, cantam para ela, contam histórias e ela ouve-os, com todo o tempo do mundo. Na nossa casa eles guiam-na pacientemente até à casa de banho e desta para o sofá da sala. Juntos estão sempre divertidos. Sempre às gargalhadas. Ela acha graça às coisas que dizem e eles adoram ter alguém para fazer rir e com paciência para os ouvir.
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Por isso quero ter possibilidades de cuidar da minha mãe e dos meus tios. <3
ResponderEliminarEu também tenho uma avó maravilhosa com 93 anos, ainda ontem jantei maravilhosamente em casa dela, e a minha avó nem lhe passa pela cabeça sair da casa dela. O meu avô morreu há um ano e meio e a minha avó ficou naquele casarão, sozinha, mas é lá que se sente bem. E mantém as rotinas dela, no espaço dela e na casa onde viveu toda a vida com o marido e os filhos, e onde agora recebe as netas e os bisnetos. Felizmente, ainda está muito bem de saúde e muito bem de cabeça, é uma mulher que eu admiro imenso. E eu sinto que é um privilégio aos 36 anos ainda ter uma avó tão maravilhosa!
ResponderEliminarÉ bom quando assim é. Oproblema é que muitas famílias não conseguem cuidar dos idosos por falta de espaço fisico, pelas doenças dos mesmos, por este tipo de sociedade que pensa que somos filhos de chocadeira e que não temos pais nem filhos.
ResponderEliminarÉ bom que o assunto venha a lume e se procurem soluções boas para todos, ou melhor, soluções boas que respeitem os desejos dos idosos e não sobrecarreguem ninguém.
bjs
Que bonito!!!!!
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