Urbano Tavares Rodrigues |
Opositor aos Estado Novo, acabou por ser impedido de lecionar e estar preso em Caxias. Conseguiu seguir para um exílio em França, onde conheceu alguns intelectuais da época, de quem se tornou amigo. Foi professor na Faculdade de Letras, crítico literário e esteve sempre ligado ao Partido Comunista Português, apesar de se afirmar anti-estalinista a quem acusa de ter destruído o socialismo marxista.
Teve uma mágoa em nunca lhe ter sido atribuído o Prémio Camões, como confessou sem pudores nesta entrevista ao Ipsílon.
Para Mário Cláudio, o que era admirável em Urbano Tavares Rodrigues é que ele manteve a sua oficina de escrita até ao fim, e também o seu contacto com os amigos e companheiros de escrita. "Nos anos 50/60, ele surgiu como uma lufada de ar fresco na literatura portuguesa, tendo conseguido superar o modelo neo-realista, estabelecendo pontes com a literatura francesa da época e o realismo mágico da América Latina. E enfrentou de forma aberta, sem falsos pudores, o tema do sexo e do erotismo."
Urbano Tavares Rodrigues deixa um filho de 7 anos a quem escreveu uma carta para ser aberta quando fizer 10 anos. Esta carta constitui, na suas palavras o seu maior legado, a sua herança.
Aquele que será o seu último livro, Nenhuma Vida, será publicado este ano, a assinalar os seus 90 anos.
Este livro aborda questões que Urbano Tavares Rodrigues tratou na sua obra, mas também ao longo da sua vida, como as lutas políticas e sociais, a solidariedade, as relações humanas, mas também a sexualidade e o erotismo. Tem um prefácio escrito pelo próprio e que é já uma despedida. "Daqui me vou despedindo, pouco a pouco, lutando com a minha angústia e vencendo-a, dizendo um maravilhado adeus à água fresca do mar e dos rios onde nadei, ao perfume das flores e das crianças, e à beleza das mulheres. Um cravo vermelho e a bandeira do meu Partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz".
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