Cuba: viagem no tempo

O esperado final do embargo americano a Cuba irá trazer alterações profundas e irreversíveis a esta nação. Parada no tempo, Cuba apresenta ainda automóveis de 1950 a circular nas suas ruas.

O povo sofre com o embargo. Na ilha tudo falta. Comida, medicamentos e todas as comodidades que tomamos como garantidas.

Nos Estados Unidos iniciou-se já uma corrida às viagens a Cuba, antes que tudo se altere. Os americanos querem aproveitar para experimentar esta nação congelada no passado. As (poucas) agências americanas autorizadas a levar turistas a este país têm já listas de espera de um ano. Quem quiser conhecer a Cuba de Castro tem de se despachar.

Eu visitei Cuba há mais de 10 anos. Já na altura tive receio que Fidel Castro morresse e tudo mudasse. Consegui conhecer uma Cuba que adorei. A arquitetura, a cultura e especialmente o povo cubano conquistaram-me. Este povo que sofre mas que tem um calor imenso, uma cultura alargada e abrangente. Tantas conversas tive com as pessoas com quem me cruzava. Tinham uma imensa curiosidade no mundo que os rodeia mas nunca falavam de política.

O que mais me impressionou neste povo foi a sua qualidade musical. Em qualquer rua se encontrava alguém a tocar guitarra, saxofone, trompete ou a cantar. Mas sempre música de enorme qualidade, divinamente tocada por aquelas mãos hábeis. E o ritmo! Aquele ritmo que imprimem a qualquer música. Este povo tem a música a correr-lhe no sangue. Não me admira nada que músicos como Luís Represas tenham ido a Cuba gravar os seus álbuns. Têm certamente alguns dos melhores instrumentistas do mundo.

Chegámos a ensinar músicas portuguesas a músicos cubanos que imediatamente as aprendiam, interpretavam e lhes imprimiam os seus ritmos.

Quem estiver a pensar viajar, considere Cuba. Será certamente uma viagem inesquecível, uma viagem no tempo.