O meu filho do meio perguntou-me.
- Porque perguntas isso?
- Porque não temos dinheiro.
- Sabes, com a crise todas as pessoas têm pouco dinheiro. Não quer dizer que sejam pobres. Temos o que precisamos. Comida. Uma casa grande.
Esta forte noção de realidade tão presente numa criança de sete anos por vezes preocupa-me. Gostava que fosse mais inocente. Tem tempo para ser responsável. Tento amenizar.
- Lembras-te dos teus amigos na tua festa de anos dizerem que tinhas uma casa grande? As casas deles são mais pequenas. A nossa casa é maior que a maioria das casas dos teus colegas da escola.
- Pois foi mamã. A nossa casa é maior?
Temos uma casa que foi cara. Não é nossa pois devemos o seu valor ao banco. Passámos a pagar com muita dificuldade quando o desemprego duplo nos bateu à porta, quase ao mesmo tempo. Foi quando nasceu o mais novo.
É esta casa que não é nossa, mas que não podemos vender. A casa que o ministério público não deixa vender, pois acha que a sua construção foi licenciada pela Câmara em terrenos com outros fins. Enfim, problemas da Câmara e do construtor que agora nos batem à porta. A casa que comprámos legalmente. Com registos provisórios e definitivos. Da qual pagámos IMT, pagamos IMI. Mas que não é nossa, nem a podemos vender.
Mas está em nosso nome.
Por causa do seu valor, nas alturas mais complicadas, nunca recebemos nem 1€ de abono de família, nem de apoios sociais. Na escola pública, pagamos as senhas de refeição com o preço normal. Nunca tivemos qualquer apoio por termos esta casa em nosso nome.
Se pudesse regressar ao passado o que não voltaria a fazer era comprar uma casa. Alugava e se deixasse de poder pagar, mudava para uma mais pequena. Teria outra flexibilidade que agora não tenho.
Eu tomei a decisão difícil de viver em arrendado, quando muita gente ainda comprava. Ouvia constantemente o discurso de que uma casa comprada era melhor, podia fazer o que eu quisesse, blá blá blá (pais, sogros, etc). No entanto, a crise já se vivia a fundo e pensei sempre que se precisasse de emigrar seria mais difícil com uma casa comprada. Ter um crédito enorme também sempre me assustou...
ResponderEliminarNão vou dizer que deixei de viver com a sensação de que gostava de comprar uma casa, mas como as coisas estão, só quando tiver o dinheiro todo para ela (provavelmente nunca :P).
Espero que essa situação com a vossa casa e a câmara municipal se resolva. Sempre seria menos um problema e a verdade é que vocês acabam por ser vítimas da situação...
Há uns anos também não via a vantagem em alugar casa.
EliminarAgora vejo todas!
Bjs.
Eu também mudei de opinião em relação à casa prória. Temos uma casa, que felizmente está arrendada, e que nos permitiu arrendar uma à medida das nossas necessidades. O que eu mais quero é vender a nossa casa para depois ter a flexibilidade que o arrendamento dá, sem sufocos nem hipotecas e gerindo a nossa vida e a casa onde vivemos, à medida das nossas possibillidads.
ResponderEliminarTiveste sorte em conseguir arrendar a tua.
EliminarBjs.
Compreendo, mas eu sou pelas casa compradas, por batalhar por aquilo que é nosso, pelo mudar o nosso canto, nem que seja o móvel de sítio. Por ter liberdade para fazer o que queremos na medida das nossas posses.
ResponderEliminarNós pensamos que não, mas eles percebem muito bem o que se passa e as nossas conversas.
bjs
Podemos ter uma casa alugada com a nossa cara. Podemos ter os móveis onde quisermos, podemos pintar e podemos sair quando precisarmos!
EliminarEssa situação é inadmissível muito menos quando vocês não têm culpa nenhuma. Estas burocracias deixam-me passada. Somos tão complicados numas coisas. :( beijinhos e que tudo se resolva!
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