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20 de fevereiro de 2015

Medicina não intrusiva

As enfermeiras avisam-nos dos potenciais efeitos secundários das vacinas. Eu preferido sempre pensar que nada vai acontecer. Desejo que passem pela vacinação de forma suave e tranquila. Umas vezes temos sorte e nada acontece, outras já se tornam mais duras.

Desta vez o pequenote veio com os dois braços hirtos. A queixar-se que doía muito, que não podia mexer os braços. O normal, não é? Fez gelo. E todos sabemos como gelo faz milagres nas dores das crianças. O que mais me custou foi, menos de 24 horas após as vacinas, estar cheio de febre. É normal, eu sei. Mas custa. Custa vê-los assim. Lá vamos ao paracetamol, que não se pode dar ibruprofeno depois das vacinas!

Lá o vemos a arrebitar e deixamos de nos sentir tão culpados. A vacina é aquele mal menor, do mal maior que as doenças podem causar. Custa muito a uma mãe ou pai, voluntariamente deixar um adulto espetar agulhas nos braços do nossos bebés (vão ser nossos bebés para sempre!). Custa vê-los chorar, dizer que dói e dizer-lhes que tem de ser. Que é para o bem deles. É óbvio que não acreditam!

Sonho com o dia em que as vacinas sejam todas por gotas na boca, ou doutra forma não intrusiva. A medicina está finalmente a adotar técnicas menos intrusivas. já conseguimos fazer diagnósticos sem sem abrir o corpo para olhar para dentro. Já temos radiologia, ecografia. Já conseguimos, por fora, ver como está a funcionar o corpo por dentro.

Eu sonha com o dia em que deixaremos de tirar sangue para fazer análises e deixemos de injectar vacinas para dentro do corpo. se não é agradável para um adulto, pode ser muito traumatizante para uma criança.

E somos todos diferentes. Se eu consigo dar sangue várias vezes ao ano, cá em casa marido e dois filhos quase desmaiam para tirar sangue. Não sinto o mesmo. Não me faz confusão nenhuma. Consigo ver sangue, socorrer acidentados. Ter todo o sangue frio que é preciso, para ajudar quem precisa. Mas nem todos somos assim.

Muitos desmaiam a tirar sangue. Ficam com o coração a bater desordenadamente e a enorme velocidade. Paralisados de medo. Isto é real, não é fita. é fisiológico. O coração bate mais depressa.

Eu sonho com uma medicina mais humana, menos intrusiva. Penso nisto desde miúda. Antes por mim, agora pelos meus filhos. Mas também por todos.

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