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3 de abril de 2014

Só hoje: Aguenta mais!

Comovi-me com este post.
Tocou-me pois sinto na pele a dicotomia de desejar manter um emprego e o sentimento de perda da vida dos meus filhos.
Ontem foi um dia muito importante para eles. Os dois mais velhos tiveram uma audição de violino.
Eu tive de escolher, entre manter o emprego, ou fazer parte da vida dos meus filhos.
Nunca fui alcoólica mas agora compreendo quem faz parte do Alcoólicos Anónimos. Todos os dias digo para mim mesma. - Hoje não me vou despedir! Hoje vou conseguir resistir ao desejo do meu corpo, do meu cérebro que diariamente me ordenam: - Despede-te! - Vai-te embora! - Não engulas mais sapos! - Tu não mereces isto!
E eu penso. Penso que não mereço mas que tenho de ter força e aguentar, pelo bem estar dos meus filhos. É bom poder ir ao supermercado e comprar o que é preciso. É bom poder ir comprar os ténis para substituir os que lhes deixaram de servir na última semana.
Todos os dias digo a mim mesma: - Só hoje, tem força e não te despeças.
É uma luta infernal. Uma luta titanica entre coração e razão. Tenho seguido a razão, quando sei que o coração é que tem razão.
O coração é que sente o que é melhor para mim. Sabe o que é melhor para a minha vida. Sei que tenho de mudar. Encontrar outro lugar para mim. Apesar de tentar estou profundamente infeliz.
Perdi um marco importante na vida dos meus filhos e chorei. Às escondidas no trabalho, em claro em casa, chorei. Deixei sair a enorme dor que sinto no peito.
Tenho de encontrar uma ocupação, ou um trabalho que seja compatível com a minha condição de mãe. Tenho de conseguir estar com os meus filhos.
Voltei a dizer. Vão te despeças. Aguenta. Só mais um dia, só mais um mês.
Não sei se vou conseguir.
Não sei se chego ao fim do dia com trabalho.

18 comentários:

  1. E este teu posto podia ser meu ... tão sofrido como verdadeiro!
    Beijo

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  2. Eu compreendo o que dizes. Talvez devesses procurar algo que seja compatível com a familia e se possivel algo que gostes de fazer. Isso seria ouro sobre azul. Infelizmente o que sentes é tão o prato do dia. As pessoas precisam do dinheiro para viver. Mas quem sabe, tenta encontrar outra alternativa, porque não fazeres algo em casa...não sei, digo eu. Beijinhos e respira fundo!

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    1. Obrigada pelo apoio querida!
      Vou procurar sim!
      Como sabem não sou pessoa de desistir e não vou baixar os braços.
      Alguma coisa irei encontrar!
      Beijinhos,
      Paula

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  3. Fiquei triste com o teu post. Aqui em casa, eu vou tendo um horário que me vai permitindo acompanhar todos os passos. O meu marido já não. E ele fica triste por isso.

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    1. Aqui o marido acompanha e eu fico triste por não conseguir.
      Estamos ao contrário a viver a mesma situação!
      Força para nós que melhores dias virão!

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  4. Compreendo.sinto o mesmo.
    www.margaridaflordaminhavida.blogspot.pt

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  5. Isso é muito sofrimento. Tente mudar, procure mudar, apesar de ser difícil, mas para a sua felicidade.

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  6. Compreendo muito bem essa dualidade entre a vozinha da razão e a do coração. Passo por isso todos os dias há já 3 anos. Mas ainda não surgiu a oportunidade. O que penso é, quando chegar a oportunidade certa eu hei-de perceber e dar o "salto". Mas é de facto doloroso. Eu já estou com medicamentos há mais de 1 ano, desde que numa viagem de carro me passou uma coisinha má pela cabeça e pensei que poderia por fim a tudo de uma vez. Felizmente não era a minha hora. O carro de repente ficou com um problema num pneu e tive de parar numa estação de serviço para me ajudarem.
    No meu caso, não tenho filhos, mas tento dar apoio à família ainda destroçada por uma perda recente. Mas no trabalho até os dias do funeral, a que tinha direito por lei, me queriam descontar.
    Há 2 anos que me ameaçam mandar embora. Sempre me atiram à cara que outra pessoa a ganhar menos faria o memso que eu. Quando eu bem sei que não faria, pois eu acumulo muito trabalho e quem começar de novo não vai fazer o mesmo que eu. Mas as ameaças e o mau ambiente continuam. A pressão vai existir até ao dia que eu decidir ir embora, porque a eles sai-lhes mais barato - eu bem sei, não sou parva. Mas nos tempos em que estamos, é preciso procurar primeiro uma alternativa.
    NÃO desistas!!!!!!!
    Existem empregos que são compatíveis com família.
    Mas para lá chegar tem de se procurar, fazer o que chamam de networking, sorrir no local onde se está para eles pensarem que somos "parvos" e conseguem o que querem para não termos represálias.
    Mas não é fácil acordar de manhã e saber o que o dia nos reserva.
    Muita força!!!!! Acompanho o teu Blog há algum tempo e tenho-te visto e superar muitos problemas! Este é só mais um que irás superar! :)

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    1. Obrigada pelas tuas palavras de apoio!
      Nem imaginas o bem que fazes. :)
      Receber apoio de pessoas que não nos conhecem mas compreendem as situações por que passamos, tem um valor incrível!
      Não tenho tanta certeza que existem empregos compatíveis com a família, mas quero ter esperança.
      Já ultrapassei o problema do desemprego, é agora tempo de ultrapassar este também.
      Vou estar atenta e procurar outras oportunidades.
      Lá isso vou!
      Mais uma vez muito obrigada do fundo do coração e um grande beijinho!
      Paula

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  7. Oh Paula como eu sei o que sente...
    O tempo que se passa com e para a família nunca é suficiente...
    Fiquei desempregada em Outubro de 2012 e fiquei extremamente angustiada, levei alguns meses até perceber que tinha ganho coisas tão boas como estar mais tempo com os meus filhos e marido!
    Continuei à procura de emprego até q encontrei um que embora profissionalmente não me encha as medidas nem a carteira tem várias coisas que me deixam feliz, continuar a ter tempo para as minhas coisas e principalmente para a minha família!
    ... e ainda esta semana recebi uma possível proposta de emprego a ganhar quase 3 x mais do que ganho atualmente e posso dizer que se por acaso me chamassem mesmo para esse trabalho não sei se iria...
    Cada vez mais, penso que dinheiro não é tudo, mas sim precisamos dele e não é nada fácil tomar estas decisões!

    Desejo-lhe muita força, que sei que tem, para enfrentar mais este desafio!
    Beijinhos!

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  8. Ai Paula, como eu te compreendo, mesmo. Passei isso, e passei antes de ter filhos, houve uma altura onde estava num emprego cujo ambiente era tão mas tão mau que todas as manhãs ao acordar perguntava-me: mas porque é que ainda não foi esta noite que morri? Felizmente apareceu-me a oportunidade de mudar de emprego para algo que era mau, sim, bastante mau, ganhava menos, mas mesmo assim conseguia ser muitoooooo menos humilhante e desgastante. Força, coragem.
    http://bloglairdutemps.blogspot.pt/

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    1. Obrigada!
      Eu não desejo morrer, apenas sair do mesmo filme!
      Vou conseguir uma alternativa, eu não desisto!

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  9. Encontrei o seu blog por acaso, sou sincera. E vim dar diretamente a este post. Tenho uma filha. 4 anos. Há 6 que faço 120 kms por dia para trabalhar, por entre estradas regionais com curvas a mais. E se o salário compensasse? E se pelo menos fosse feliz com o que faço? Mas não. Todos os dias procuro um trabalho que pague "assim assim" mas que pelo menos me faça chegar a casa com a capacidade de dar resposta às necessidades de tempo de qualidade com a minha filha. Imagino uma luz ao fundo do túnel: só mais um dia, só mais um mês. Um dia ainda há-de chegar a minha vez. Por enquanto, vou buscar a minha filha e oiço: "Mãe hoje chamei por ti, não ouviste?"

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    1. Infelizmente este quadro começa a ser demasiado frequente.
      Mas vai chegar o dia em que conseguimos um trabalho que pague o suficiente para vivermos e que nos permita estar com os nossos filhos.
      Não vamos desistir!
      Obrigada pro partilhar!
      A partilha conforta, apazigua e dá-nos forças.

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