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26 de novembro de 2012

Conduzir à chuva



Conduzo pelas ruas do Bairro Alto, pelo piso escorregadio de paralelepípedos de granito. A chuva cai sem tréguas. Tudo está cinzento lá fora. Como detesto o inverno, penso. “Qual a estação do ano que vais gostas?” pergunto à mais velha. “Gosto do inverno e do outono! Não gosto do verão e da primavera porque as melgas picam-me”. A sério que gostas do inverno, quando chove e não podemos andar na rua? Pergunto admirada. “Sim, porque não suporto a comichão que me fazem as picadas das melgas.” Coitada. É uma vítima das melgas. Podem estar 100 pessoas mas é ela quem é picada. E cada picada resulta num nódulo inchado, por vezes até com pus, se não for tratada com cortisona. É assim desde que nasceu. Não me admira que tenha horror às melgas. Se ouvir uma melga durante a noite, chama-nos para lhe darmos caça. Não sossega sem ter a certeza que a inimiga foi exterminada.
Um dia, mais pequena, por volta dos três anos, uma melga refastelou-se com o seu sangue e numa noite deixou-lhe 13 babas nos pés. A miúda coitada chorava de comichão e dor. Não conseguia nem pôr o pé no chão e teve de faltar à escola, para ficar todo todo o dia no sofá com os pés para o ar.

2 comentários:

  1. O meu filho também é assim. Sai ao pai dele, coitado, sofrem os dois imenso, ainda por cima aqui onde eu moro há montes de melgas, principalmente por ser húmido.
    http://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.com

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  2. A minha Flor tem o mesmo problema e eu também sou uma vítima. Mas 13 nos pés! Livra!

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Digam de vossa justiça!